5 de julho de 2011

Dois Poemas livres

Mundo ingrato

O sangue e lágrimas salgadas ,
Escorriam,
Pessoas gritavam,
Os muros do infortúnio destruíam-se e matavam,
As fendas eram gigantes,
O cheiro de dor,
A morte ali mais viva que nunca,
As garras do pesadelo,
Mais afiadas ficavam,
Com o passar daqueles tumultuosos dias,
A esperança é vazia, o sonho é longínquo,
Depois, já distante,
Gritam pessoas de êxtase!
Falam as pessoas afortunadas,
Onde e quando gastar as “belas” das notas,
E pensam outros naquele trapo e noutro perfume,
Num fio de ouro e uma pulseira de prata,
Em sincronia, sopra a fome,
A nossa mão pouco socorre, sejam vazias ou cheias.
A guerra, já tão perto,
As nuvens de fumo tornam o céu coberto.
E não é nem tanto preciso ser do outro lado do mundo!
Basta olhares bem lá para fora,
Neste, naquele ou no outro segundo!

 PARTISTE

Partiste,
Como um papel amachucado,
O vento levou-te e trouxe, talvez,
Umas janelas meio abertas,
Onde escapar á ventania é tarefa árdua,
E uma provável fuga da realidade.

Onde se fala pouco,
Ou nada de nada,
Onde o vazio fala mais alto do que,
Poderia alguma vez imaginar,

Sôfrego coração,
Perdido na escuridão.

Será simples explicação,
Aquela que procurara há muito,
Se, estás aí, não respondes…
Então a pergunta é porquê,
E se terás decidido.

Este vazio, mais mata,
Mas quero…tenho que me levantar,
Olhar o infinito guardado,
Deixar-te aqui, no centro de tudo,
Depois, nas pontas da minha vida,
No curso mais direito do rio,
Me leva até ti, mais tarde, quando,
A hora que marcaste, seja qual for,
Chegar.
Até lá,
Chegar para sempre, lá ao teu coração.